A comunicação é vista como um dos pilares das relações interpessoais que estabelecemos. Como tal, existem vários meios de comunicação e um deles é através dos vários idiomas que aprendemos e estão presentes na nossa rotina. Visto que esta é uma base fundamental da comunicação social, trazemos-te uma das línguas que por vezes pode cair em esquecimento e que tanto é importante para a inclusão social: a Língua Gestual.
Que curiosidades e conhecimentos devemos ter em mente sobre esta língua e como podemos ter impacto na sociedade, naqueles utilizam a mesma para comunicar? Devido a esta necessidade de saber mais e transmitir-te essa informação da melhor forma, em colaboração com a Dra. Isabel Castro e Silva, Psicóloga e Intérprete de Língua Gestual Portuguesa, reunimos algumas questões de maior pertinência que te podem ajudar a perceber, o quão importante é a Língua Gestual.
"Quais as maiores curiosidades que vivem em torno da Língua Gestual que o próprio cidadão não conhece?"
R: Apesar de serem aspetos que já são abordados com mais frequência, ainda há muitas pessoas que desconhecem que a Língua Gestual Portuguesa (LGP) está reconhecida na Constituição da República Portuguesa, enquanto “expressão cultural e instrumento de acesso à educação e igualdade de oportunidades”, desde 1997. Esta não é um sistema de códigos Universal, cada país tem a sua própria Língua Gestual.
Será talvez curioso referir que a LGP, como abreviadamente é conhecida, também dispõe de regionalismos, à semelhança da Língua Portuguesa. Ao proferir que “gosto muito de massa sovada e de laranjada” há muitos continentais que não compreendem, mais ainda se for um surdo micaelense a gestuar tal iguaria.
Há muitos gestos parónimos, que são muito semelhantes na sua realização e que ao alterar um dos parâmetros (a configuração de mão, o movimento, a expressão não-verbal, a localização ou orientação da palma) altera completamente seu significado. Costumo dar como exemplo os gestos “sábado” e “casa”, podem pesquisar!
Enquanto Língua independente e diferente da língua falada, a Língua Gestual dispõe de uma estrutura gramatical própria, pelo que é incorreto dizer-se Linguagem gestual. É comum ouvir-se, mas não é correto. Maior equívoco é também chamar a pessoa Surda de Surdo-Mudo; a surdez e a mudez são patologias distintas e para além de desadequado é, por vezes, ofensivo. A comunidade surda comunica através da sua língua e tem uma identidade muito própria. Podemos aceitar isso!
"Seria a inclusão da Língua Gestual como disciplina no Ensino, um papel fundamental para o caminho da inclusão social? Qual a correlação que pode ter a Língua Gestual e o Ensino Obrigatório?"
R: Essa é uma grande e, já antiga, luta da comunidade surda.
As EREBAS - Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos foram criadas em 2008, com o objetivo “contribuir para o crescimento linguístico dos alunos Surdos, para a adequação do processo de acesso ao currículo e para a inclusão escolar e social” (artigo 23º, Decreto-Lei nº 3/2008). Foi há 16 anos, não é assim tanto tempo e, bem ou mal, muita coisa evoluiu.
Em São Miguel, desde 2009, a escola de referência é a Escola Básica Integrada de Arrifes, onde estão agrupados os recursos necessários para a educação de surdos e os alunos surdos integrados aprendem LGP como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda língua. Não existe uma escola de referência ao nível do ensino secundário, pois as escolas de Ponta Delgada estão organizadas por área-escola e foi uma forma de não limitar a liberdade de escolha no percurso escolar dos alunos surdos. Ter grupos só de surdos a falar entre si é muito positivo, mas não é suficiente, o contexto envolvente também tem de se adaptar, pelo que alunos ouvintes integrados em turmas com surdos também aprendem LGP mas só alguns têm essa sorte. As demais escolas não estão preparadas para interagir com alunos surdos.
Seria, sem dúvida, uma mais-valia haver uma disciplina de Língua Gestual Portuguesa para todos nas nossas escolas e também há necessidade de sensibilizar o pessoal docente e não docente para o efeito. Sei que há cá na Região, de forma peculiar e pioneira, um projeto piloto para a lecionação de LGP a ouvintes no pré-escolar, mas não tenho conhecimento dos resultados. Teremos de esperar para saber. Na minha opinião, seria viável começar por criar uma disciplina opcional. Tornar todo o contexto educativo mais inclusivo, permite preparar uma sociedade melhor, mais consciente e equitativa. É um longo caminho a percorrer.
"Qual a melhor forma de aprender Língua Gestual, numa fase inicial? O que recomenda?"
R: A melhor forma de aprender qualquer língua é estar e participar no contexto onde ela é falada. Seria necessário interagir com surdos gestualistas e contactar as associações locais representativas da comunidade surda. Sem dúvida, é a forma ideal.
No entanto, o ensino à distância disseminou-se, foi um legado vantajoso da pandemia, e atualmente com muita facilidade se encontram online workshops, cursos básicos ou avançados de Língua Gestual Portuguesa. É só pesquisar, há muitos disponíveis, com preços variados.
No ensino superior, as licenciaturas e mestrados em LGP, via tradução ou lecionação, são ministrados nas Escolas Superior de Educação do Porto, Coimbra e Setúbal, a Universidade Católica de Lisboa também tem um mestrado disponível. Na minha opinião, a nível laboral, atualmente, são cursos com pouca procura e pouca oferta, contudo podem ser um fator diferenciador quando combinados com outras áreas profissionais.
Para os curiosos, há também sites e dicionários de LGP online, onde poderão aprender dois ou três gestos em LGP, nem que seja de “quebra-gelo” para iniciar uma conversação, aprender a dizer um “Bom Dia” ou “Tudo bem?”. Costumo recomendar o SpreadTheSign (www.spreadthesign.com) e o Porsinal (https://www.porsinal.pt/), que é uma plataforma de conhecimento científico da cultura surda, para quem gosta de livros, artigos, filmes, documentárias, entre outros, dentro desta temática.
"Quais as maiores adversidades das pessoas que utilizam Língua Gestual como meio de comunicação enfrentam? Como é que nós enquanto cidadãos podemos ajudar?"
R: Os entraves na acessibilidade das pessoas surdas são diários. Salvo raras exceções, as entidades públicas e privadas não disponibilizam serviços de intérpretes de LGP, não sabem comunicar através da língua gestual, a maioria não está sequer sensibilizada para comunicar com pessoas surdas ou nem sabe a quem recorrer se for caso disso.
A surdez não é uma deficiência visível, como as incapacidades motoras em cadeiras de rodas, pelo que as limitações dos surdos são muitos menos evidentes, facilmente despercebidas. Dar visibilidade à língua gestual e à comunidade surda é essencial para que sensibilize a sociedade em geral para esta necessidade. Bem-haja todos os que o fazem. É um Direito que eles têm.
Já falaste com algum surdo?!
Digo, com frequência, que a pessoa ouvinte sente maior constrangimento ao falar com uma pessoa surda, do que o próprio surdo, que está habituado a ter de arranjar estratégias de comunicação alternativas para se fazer entender. Estarmos predispostos e disponíveis para comunicar e estabelecer uma interação é crucial.
Fora isso, saber língua gestual é magnífico, mas há aspetos que são imprescindíveis na comunicação, como manter o contacto ocular, usar gestos demonstrativos, permitir a leitura labial, recorrer à escrita, entre outros.
"Será a Inteligência Artificial um aliado à Língua Gestual?"
R: Eu acho que sim. Os avanços na tecnologia foram muito positivos para a comunidade surda, com benefícios evidentes. Muitos surdos viviam completamente isolados, por vezes sem acesso a uma língua estruturada e com limitações pessoais e socioeducacionais, por vezes, graves. O estímulo e o acesso à informação dispararam, a comunicação interpessoal e as oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento cresceram exponencialmente. O acesso à internet, as redes sociais, os telemóveis e as videochamadas, a criação de equipamentos e recursos adaptados, etc. Atualmente até há aplicações que conseguem captar o som e transcrever textos, integralmente, é incrível. Há vários projetos de inteligência artificial com língua gestual, que também incluem surdos e intérpretes de LGP. São excelentes oportunidades (que se criam) aliadas ao avanço da ciência e da tecnologia. Permite também valorizar e dar visibilidade à cultura surda e favorece o desenvolvimento da própria língua gestual, enquanto língua viva, que à semelhança das línguas faladas, está em constante mutação.
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Oi, entendo a importância da comunicação para a integração social. Assim como o aprendizado da linguagem de sinais é crucial para a inclusão, encontrar formas de lazer inclusivas também é importante. Se está à procura de um ótimo cassino online em Portugal, recomendo o WeissBet. Eles oferecem uma experiência segura e divertida, com excelente suporte ao cliente e uma ampla gama de jogos.