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Às vezes, somos caloiros muitas vezes...

O término do Ensino Secundário é um momento de grandes (in)decisões: Ir ou não ir para a faculdade? E se sim, que curso escolher? Se estás nesta fase é normal que te debatas com estas questões e de certeza que te vais identificar com este artigo.

O final do 12º ano não foi pacífico para a Marta Simão. Apesar das suas notas excelentes, que lhe garantiriam entrada nos cursos mais concorridos do Ensino Superior português, debatia-se com uma questão aterradora: Afinal, o que queria, realmente?

Desde pequena que sonhava com a bata branca e o estetoscópio, mas as tribulações do secundário (e da vida) trocaram-lhe as voltas e a ideia da Medicina tornou-se mais enevoada que a manhã do regresso de D. Sebastião.

O sorriso de quem (pensa que) está onde deve estar...

Porém, felizmente, surgiu o cavalo branco na forma de Engenharia Biomédica: um curso que aliava o seu gosto pelas ciências exatas ao seu interesse pela área da saúde.

Após testes psicotécnicos e múltiplas crises existenciais, a sorte (ou o azar) decidiu por ela: o Exame Nacional de Matemática A não correu muito bem, e Medicina - que, apesar de tudo, foi a sua primeira opção - deixou de ser uma hipótese… mas não Engenharia Biomédica.

E foi assim que a Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa a abraçou (talvez com demasiada força).

Long story short: um mês depois, na 3ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, a Marta foi a única colocada em Medicina Veterinária na Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa. Porém, em setembro, mudou para outro curso, noutra faculdade.

Por vezes, aquilo que achamos durante anos que é o ideal para nós, na prática, pode não o ser... Lê o testemunho da Marta e inspira-te com a sua resiliência e coragem para mudar de rumo.


Marta, como é que percebeste que o teu caminho não era em Engenharia Biomédica?

"Bem, a resposta que dou sempre, meio a brincar, é que foi a cadeira de programação. No entanto, uma cadeira não podia ser o suficiente para me fazer desistir de algo que eu tanto queria. Na realidade, programação apenas me fez questionar Engenharia Biomédica, uma vez que nas aulas me sentia completamente um peixe fora de água. No final das contas, apercebi-me de que não queria que a minha utilidade para com os outros, no futuro, se baseasse em equações matemáticas e computação. Precisava de uma maior conexão com as pessoas, ou seres vivos no geral, como se veio a constatar…"


Entretanto, chegaste à Faculdade de Medicina Veterinária como a “miúda nova que entrou na 3ª fase”... Que tal foi essa adaptação?

Apesar das suas incertezas, a Marta nunca deixou de experienciar a vida académica!

"Honestamente, foi muito complicado. Estava a lidar com todas as dúvidas existenciais que provêm de desistir de um curso, um pouco às cegas. Além disso, entrando na 3ª fase, ou seja, 1 mês depois de as aulas começarem, há muita matéria acumulada. E foi difícil integrar-me nos grupos de amigos já construídos. Mas tudo se faz e tudo se aprende. Assim que essa barreira inicial foi ultrapassada, e com a ajuda dos grandes amigos que lá fiz, não tardou a que me sentisse em casa."




Mas não ficaste por aqui… O que te fez, novamente, reconsiderar o teu rumo?

"Por mais que quisesse adorar Medicina Veterinária, algumas coisas faziam-me demasiada confusão. Por exemplo, ter de cortar animais mortos nas aulas práticas de anatomia, ou simplesmente ter de estudar produção animal, algo a que me oponho fortemente. Seriam coisas que seria capaz de aguentar se tivesse o sonho de ser veterinária, mas escolhi Medicina Veterinária, em parte, porque as opções de cursos na 3° fase são mais escassas. E claro, porque adoro animais, mas como já referi, foi também por essa razão que percebi que talvez fosse um percurso duro para mim."


Quais são as tuas expetativas para o teu próximo desafio – seja ele qual for?

"Expetativas foram algo que fui deixando pelo caminho (risos). Recentemente, candidatei-me ao curso de Psicologia, embora sem certezas de que seja o certo para mim. Acho que foi isso que este percurso atribulado me foi ensinando: certezas ninguém tem. Para mim, que sempre tive a minha vida planeada, foi difícil aceitá-lo. Agora, só me resta esperar que o próximo ano me continue a desafiar e que eu me mantenha fiel a mim mesma. Afinal, embora todas estas reviravoltas me tenham desorganizado um pouco a vida, permitiram-me descobrir melhor quem sou e aquilo que realmente quero para o meu futuro."


Muito obrigada por partilhares connosco a tua história, Marta! Por último, gostaríamos de saber: O que dirias a um caloiro (estreante) que, tal como tu, não está certo do seu caminho?

"Embora investigar profundamente todas as possibilidades de cursos seja muito importante, só a experiência é que nos pode esclarecer sobre todas as nossas dúvidas. E por mais que a tentativa e erro seja assustadora, em todos os aspetos da nossa vida, temos sempre algo a ganhar com ela. Este processo tem-me feito crescer imenso como pessoa, e permitiu-me viver experiências que, de outra forma, não teria tido. Somos muito novos para carregar connosco a pressão de acertar à primeira.

Aproveitem a viagem académica, apresente ela quantas voltas forem necessárias. É entusiasmante, extremamente desafiante, mas vale tanto a pena!"

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